quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nota do Sindicato Metabase Incondidentes sobre a morte do trabalhador Júlio João Jesulino
*Diretores do Sindicato foram à Namisa averiguar acidente. 
Empresa descumpriu normas de segurança.


Mais uma tragédia anunciada, basta de acidentes e mortes!

Morreu na tarde do dia 16 de maio Júlio João Jesulino, vítima de acidente fatal de trabalho, nas dependências da empresa mineradora Namisa, do grupo CSN. O trabalhador foi atingido pela queda súbita do equipamento em que operava.

A morte trágica de Júlio João, que era funcionário de uma empresa terceirizada (Duarte Transporte), é mais uma infeliz comprovação das condições degradantes de trabalho às quais estão submetidos os trabalhadores e, em particular, os do setor mineral.

Essa triste notícia, que comove a todos, não é um raio em céu azul. Para nos ater a nossa região, basta relembrar os três operários mortos na Minas Casa de Pedra em 2009, em Congonhas.

Mas essa marca vergonhosa não é exclusividade da CSN. Na maior mineradora do mundo, a Vale, os desastres anunciados se repetem. No dia 3 de maio um operador de caminhão morreu enquanto trabalhava na mina Mar Azul, em Nova Lima. Em 2008, segundo relatórios da própria Vale, morreram 10 funcionários em suas dependências em todo país.

Os números de acidentes de trabalho, muitas vezes fatais, crescem na velocidade da lucratividade e da produção das empresas. De acordo com o “Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho” do Ministério da Previdência Social, o número de acidentes de trabalho no Brasil quase dobrou entre 2003 e 2008, saltando de 399.000 para 747.000.

Isso em um país onde os acidentes de trabalho são notoriamente subnotificados: muito provavelmente, estamos falando em algo em torno de 2 milhões acidentados para o ano de 2008.

A sede insaciável de lucros das grandes empresas está matando de forma violenta homens e mulheres trabalhadoras, pais e mães de famílias, seres humanos que perdem a vida tragicamente num “mundo de trabalho” onde a única coisa que vale é a produção e as metas. Organizado pela ganância desmedida das empresas, o processo de trabalho se parece cada vez mais com um filme anunciado de mutilações, acidentes e mortes.

O sindicato Metabase Inconfidentes se solidariza com a família, amigos e companheiros de trabalho de Júlio João. Tomaremos todas as providências cabíveis para a investigação e punição dos responsáveis. Levaremos às últimas conseqüências a apuração dos fatos. Em nossa opinião, a Namisa (do grupo CSN) e a empresa terceirizada (Duarte Transporte) devem ser responsabilizadas e punidas pela morte do trabalhador.

Habitualmente as empresas têm como prática responsabilizar o próprio trabalhador pelo acidente. Esse método nefasto tem como objetivo culpabilizar a própria vítima, invertendo os papéis reais. Por isso, exigimos uma investigação transparente do acidente, com participação do sindicato. Defendemos que a NAMISA indenize a família. Exigimos também a revisão dos procedimentos de segurança na empresa e maior investimento em segurança preventiva. Além disso, defendemos uma Cipa atuante e independente da empresa.



Sindicato Metabase Inconfidentes
Congonhas, 16/05/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário